terça-feira, 30 de dezembro de 2008

VEJA O QUE MUDA COM A REFORMA ORTOGRÁFICA

Os brasileiros vão precisar reaprender a escrever. Nesta quinta-feira, entrará em vigor a reforma ortográfica que pretende unificar a escrita da Língua Portuguesa no mundo todo. E essas mudanças são o tema uma série de reportagens de Tonico Ferreira. Eis a prova de que a reforma é para valer. Livros didáticos já estão sendo impressos com a nova ortografia. Os alunos vão ver que ideia perdeu o acento, micro-ondas virou duas palavras separadas por hífen e que contrarregra perdeu o hífen e ganhou um R a mais. É uma reforma parcial. O professor de português Pasquale Cipro Neto calcula que ela mexe em 0,5% das palavras e lembra que só muda a escrita, a gramática permanece a mesma. "A língua é uma coisa, a ortografia é outra. É só uma reforma ortográfica. Reforma na maneira de grafar as palavras". Os brasileiros terão quatro anos para se acostumar com a mudança. Nesse período, será permitido escrever tanto na antiga como na nova ortografia. Depois, só irá valer a nova. O ideal, no entanto, é adotar o novo português já no dia 1º de janeiro. Se é inevitável, por que adiar o problema? Veja quais são as principais mudanças: As letras K, W, Y voltam oficialmente para o alfabeto. "Na prática, nós sempre usamos o k para as palavras estrangeiras, para as palavras derivadas tipo darwinismo que é com w, que vem de Darwin, shakespeariano com k, isso aí sempre continuou. As letras que voltaram, na minha opinião, voltaram para o lugar de onde nunca saíram", disse o professor de português Sérgio Nogueira. O trema desaparece de vez da Língua Portuguesa, mas nada muda na pronúncia. Somem acentos de palavras como assembleia, creem, perdoo. "Perdoo, desse jeito, com dois "o", sem acento? A partir de 1º de janeiro vai estar certo? Vai mudar tudo mesmo". Mudam também as regras do uso do hífen. Algumas palavras perdem. "Antissocial vai ser com dois esses?”. Outras ganham o sinal. "O de baixo é mais certo. Acertei? Então o meu português não está tão ruim". "Uma das dificuldades da implantação da reforma é você destruir uma memória visual anterior. Quer dizer, se você está acostumado a ver a palavra auto-retrato com hífen, infra-estrutura com hífen, extra-oficial com hífen, vai ser duro no início você se acostumar a juntar essas palavras inclusive dobrando R e dobrando S", disse o professor Sérgio Nogueira. O jeito será apelar para o dicionário. Já há versões compactas atualizadas. O maior dicionário de português, com 230 mil palavras, no entanto, vai dar muito trabalho ao seu coordenador. "Eu levarei no mínimo um ano para rever todos os 60 milhões de caracteres que ele tem", acredita lexicógrafo Mauro de Salles Villar. Tudo para alcançar um objetivo: unificar a escrita nos oito países que têm o português como língua oficial. Muita gente está assustada com as mudanças. “Por que não vai ter como voltar nas escolas. Por exemplo, eu. Como voltar para aprender tudo isso?”, indaga uma mulher. O educador José Everaldo Nogueira Júnior reconhece que vai exigir um certo esforço. Mas o ensino da língua nas escolas não será prejudicado. “Para o adulto é um pouco mais complicado, porque ele vai ter que reaprender. A criança, no processo de sistematização dessas regras, ela já vai aprendendo naturalmente". Muitos jornais vão sair com a nova ortografia logo no primeiro dia do ano. E já há dezenas de livros explicando as mudanças em detalhes. "As pessoas vão ter que procurar se instruir, ler um pouquinho para poder entrar nas novas normas. Mas é bom, claro que é bom" Nesta terça, por que alguns escritores reclamaram da reforma. Aqui você encontra mais informações sobre as mudanças na ortografia

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