sexta-feira, 24 de setembro de 2010





Quando o velho gramofone deu lugar aos novos toca-discos, na virada dos anos 20, a festa começou. O lugar do gramofone era a sala de casa, onde as famílias se reuniam para ouvir ópera e música clássica. Com as vitrolas e os discos de galalite, muito mais práticos e com melhor qualidade sonora, a música gravada se tornou popular. E foi para as ruas, para os salões e para galpões transformadas em pistas de dança, onde, atrás das cortinas, tocavam as “orquestras invisíveis”. Daí para as raves e os bailes funk foi um pulo.
A partir dessas ilusões sonoras as festas viraram trabalho para muita gente, se tornaram um negócio, um hábito de consumo de receita infalível: música, bebida e dança para todos os gostos e bolsos. Da favela aos clubes chiques, dos bares bagaceiros aos salões elegantes, a indústria festeira cresce sempre, até mesmo em tempos de crise, quando há pouco a celebrar, e por isso mesmo ela é mais urgente.
E como não há festa sem música, é desse encontro de interesses que vive e cresce a música dançante. É nas pistas da noite que acontecem as modernas formas da ancestral “dança do acasalamento” dos documentários de National Geographic. Muita gente diz que ama a dança pela dança e a ela se entrega com paixão, mas desde os cabarés, os dancings, as boates, discotecas, danceterias, raves e bailões, ela e a música não são a principal motivação das festas. São o cenário, a oportunidade e a trilha sonora para ver e ser visto, para dar uns beijos, ficar com, ou pegar alguém.
Se para dançar a música é uma solução, para fazer ambiente é um problema. Como bem disse Chico Buarque, se ela é boa, distrai a atenção e atrapalha a conversa, e se é ruim… então para que ouvir?
A cada salto tecnológico, a música adquiriu novas funções. Hoje está em toda parte, no ar, nas ruas, nos celulares e laptops. E o silêncio nunca foi tão valorizado.
Apesar de todo o meu esforço e de muitas horas de trabalho, sorry leitores, mas sinceramente acho que esta crônica ficou meio boba. Quanto sacrifício para não falar, provavelmente impropérios e grosserias, sobre as paixões eleitorais.


Um comentário:

Mônica disse...

Liz
Eu nunca aprendi a dançar.
Mas mamae dançava muito. Foi a rainha dos academicos.
com carinho MOnica