Aqui vai mais uma crônica da minha amiga Leila Ferreira.Obrigada amiga por mais esse presente,sei que você tem certeza,que adoro quando você escreve e me envia algo assim
Beijão

Frente da estação de São José dos Campos (foto atual)

Plataforma de espera (nada mudou...)
De quando em quando consigo reservar a primeira hora do dia para ler meus jornalistas preferidos e me atualizar sobre o Brasil e o mundo antes de começar minha labuta na cozinha.
Não são boas, as notícias. As Bolsas da Ásia tiveram queda acentuada nessa sexta-feira, o ‘The Wall Street Journal’ informa que conselheiros independentes do Departamento do Tesouro começam a estudar seriamente a possibilidade da que a GM e Chrysler tenham de ser protegidas sob o ‘chapter 11’(capítulo da legislação americana que regulamenta as falências e concordatas), a Ford também não vai bem e o HSBC anuncia 6000 demissões. Mas por cá, segundo a Folha Dinheiro, as notícias são auspiciosas. Duas manchetes confirmam:
. "Setor automotivo garante melhora da confiança industrial em Fevereiro."
. "HSBC anuncia lucro recorde no Brasil em 2008 e descarta demissões."
Isso me faz pensar que no meio desse tsunami econômico internacional, ao que parece, o Brasil ficará como o Lula disse, sentindo apenas uma marolinha (declaração não endossada pelos mais de 4000 demitidos da Embraer).
Notícias e mundo à parte ouço o apito do trem, que chega aos meus ouvidos quase imperceptível, de longe, bem ao longe, ao norte do que podemos chamar de fim do banhado.
Esse som abafado e longínquo me transporta para 1982.
Como se fosse ontem, vi-me em pé na plataforma da estação esperando para tomar o trem que me levaria a Barra do Piraí - RJ.
Quase posso ouvir a voz do Fernando me perguntando se não estou me esquecendo de nada. Remexo numa pequena bolsa e respondo confiante:
- Não! Não, esquecemos de nada. A Máquina fotográfica e os convites de casamento estão aqui.
Embarcamos às 8:00h num vagão com piso e bancos de madeira rústica. Instalados, chacoalhamos felizes por quase sete horas sobre trilhos mal conservados construídos a margem do banhado. A Serra da Mantiqueira, o rio Paraíba e seus afluentes, os campos, o gado Nerole, as longas fazendas de eucaliptos, tudo é verde na minha memória.
A estação fechou em meados de oitenta. Acho mesmo que aquela foi umas das últimas viagens de passageiros que a EFCB realizou na região.
Uma pena. A vista era linda!
Daquela época restaram apenas lembranças. Para o bem e para o mal, aquela Leila e aquele Fernando não existem mais.
Afinal, 27 anos separam aquele apito deste de agora.
e por falar em primeira hora do dia... tô ferrada...
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