segunda-feira, 10 de novembro de 2008

INCENTIVAR A LEITURA Há muitos anos que todos falam que precisamos incentivar a leitura, que devemos desenvolver todos os nossos esforços para que a maioria das pessoas utilize a leitura, e que este esforço se dirija, principalmente, para os nossos jovens, crianças e adolescentes. Movimentos culturais sempre são realizados pelo país cultuando este slogan de que precisamos envidar todos os esforços para que todos possam ler mais. Recentemente tivemos, em Ribeirão Preto, a 8ª Feira Nacional do Livro, movimento literário já consagrado, de grande repercussão nacional, que também se dedicou ao incentivo da leitura, visando principalmente os nossos jovens. Concordo plenamente com esta necessidade de mais leitura para todos os nossos irmãos brasileiros, principalmente, para os mais jovens. Sempre fui um incentivador da leitura, e, nos meus anos de magistério agi como tal, atuando nos meus alunos para que passassem a ler mais. Lembro-me perfeitamente que quando jovem, cursando as escolas de Ribeirão Preto, os professores e os nossos próprios pais já nos incentivavam à leitura. Acabei por entrar nesta prática, embora começando um pouco tarde.Comecei por ler alguns livros e dentre os primeiros, lembro-me de Monteiro Lobato, livros da coleção infantil. Já tinha meus dezesseis anos quando colocaram em mãos outros livros. De Monteiro Lobato passei por alguns autores, mas lembro-me de um autor que quase transformou minha vida: chamava-se Paulo Setúbal e seu famigerado livro: “Confiteor”. Lembro-me de quanto mal me fez a leitura deste livro. Com a leitura do livro passei a ter idéias de sofrimento, desejos de me imolar e de sofrer cada vez mais. Acredito que sua leitura pode até levar o leitor ao suicídio. Não recomendo a leitura deste livro para ninguém, a não ser que essa pessoa já apreendeu e sabe como se deve ler uma obra e principalmente um escrito como esse. Estes sentimentos ocorreram porque não haviam me ensinado de como deveria ler. Nenhum professor havia alertado do perigo das leituras; eu tive que apreender por mim mesmo de como se deve ler e que não se deve acreditar em tudo que está escrito nos livros. Após este pequeno preâmbulo, quero dizer que o incentivo à leitura não é de hoje, como disse, há mais de 70 anos atrás já ouvia este mesmo refrão de incentivo a leitura. O que não ouvi nestes 70 anos, foi dizerem como as nossas crianças e adolescentes e adultos devem ler; que posturas devem ter frente à leitura de um livro. Esquecem de ensinar a leitura dinâmica, esquecem de ensinar a leitura crítica, esquecem de dizer que a grande maioria dos livros querem “fazer sua cabeça”, e que a grande maioria dos livros querem doutriná-lo para este ou para aquele lado. Se não nos ativermos a estes valores referidos, de leitura crítica e dinâmica, não adianta nada incentivarmos a leitura, apregoando mais cultura aos leitores, pois não iremos conseguir. Se não prevenirmos nossas crianças sobre as leituras e da postura a ser adotada frente a leitura de um livro não iremos contribuir para a sua formação, e estaremos permitindo e facilitando a formação de mais adestrados; desta forma iremos deixar que estes livros atuem nos educandos podendo levar a modificações de suas personalidades provocando alterações irreversíveis a cada nova leitura realizada. É necessário e urgente que atentemos sobre isso; vamos incentivar a leitura, mas antes vamos passar a ensinar como os nossos educandos devem ler. Os professores deveriam estar sempre lembrando aos seus educandos de fazerem leitura crítica, toda vez que se defrontarem com um livro aberto a sua frente. Nada deve ser tomado como verdade. Leia primeira vez: faça uma análise do que este autor está querendo lhe impingir; busque saber o que ele está querendo fazer de você. Leia outra vez, mais uma vez, se for preciso, mas não forme nenhuma conclusão sobre este livro. Espere mais um pouco, aguarde. E se ainda não conseguiu entender o que o autor está querendo do leitor é sinal de que você ainda não tem uma idéia global sobre o livro. Para se ter uma idéia global, é muito bom que apreenda a fazer leitura dinâmica do texto todo e passe a executá-la. Comece a ler o livro, sem se preocupar com palavras ou frases, busque saber o tema que ele está a desenvolver; deixe-se levar pelo fio da meada, não importa se frases podem deixar de ser lidas durante o seu “passeio” pelo livro. Vá de cabo a rabo, do começo ao fim, só buscando o enredo ou o que chamei de fio da meada. Na leitura dinâmica você deve ler, em média, umas 100 páginas por hora. Exercite-se que você chega lá. È só dessa forma que deixaremos de continuar formando pessoas “robotizadas”. É só dessa forma que estaremos deixando de adestrar os nossos jovens. Agindo assim, estaremos passando a educá-las, e com isso, estaremos formando cidadãos pensantes, capazes de raciocinar e de aceitar ou repelir as mais diversas formas de catequese que freqüentemente alguns livros querem impingir aos seus leitores. Portanto, vamos incentivar a leitura crítica para todos. Carlos Roberto Caliento Médico – Professor – Membro de Associações Literárias – Rotariano.

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