A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começou uma campanha de esclarecimento, na internet e nas escolas, para diminuir o número de pessoas que arriscam a saúde por consumir ou armazenar os alimentos de uma forma errada. Sabe aquela mania de escolher o peixe com as mãos? “O pessoal quer pegar, ter contato com a mão”, conta um vendedor. “Eu acho que estou escolhendo o bom”, argumenta um consumidor. E a famosa provinha na feira? “Você tem um alimento que não foi higienizado adequadamente. A dona-de-casa está com a mão suja, ela está mexendo em outras coisas. Ela vai consumir com a mesma mão”, denuncia Tatiana Pastorelo, pesquisadora da Fiocruz. Pesquisadores da Fiocruz prepararam vídeos para mostrar que é nesses pequenos detalhes que mora o risco da contaminação dos alimentos. As imagens mostram ainda que não adianta comprar produtos expostos à sujeira achando que vai dar para limpar depois. “O jornal é um material que já é contaminado e vai soltar essa contaminação para o legume”, aponta a pesquisadora Tatiana. “Diarréias são muito comuns. Náuseas, vômitos, um mal estar geral, isto ocorrendo em pessoas que já tenham outras doenças, em crianças pequenas ou em idosos, pode se tornar mais grave ainda”, afirma William Weissmann, coordenador da pesquisa. Mas não basta ter atenção só na feira ou no mercado. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, metade dos casos de doenças transmitidas por alimentos acontece dentro de casa. O cuidado começa na hora de guardar as compras. Por exemplo, ao contrário do que muita gente pensa, ovos e leite não devem ficar na porta da geladeira. “Porque tem uma grande variação de temperatura, é sempre manipulado. A gente sempre abre”, explica a pesquisadora. Na casa da dona-de-casa Josane dos Santos, a pesquisadora encontrou ainda frutas guardadas da maneira errada. “Ele sua, transpira, você perde a umidade do alimento. Faz um furinho, para simplesmente deixar ventilar”, ensina Tatiana. Um alerta para a dona-de-casa, que achava que fazia tudo certinho. “São muitas pessoas que manipulam. Fica um pouco mais difícil, mas tem que estar sempre de olho, para evitar a contaminação dos alimentos”, avalia Josane.
Matéria do jornal Nacional em 24/03/2004
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