sábado, 7 de março de 2009

Nem só de cheiros vivem as lembranças

Aqui vai mais uma crônica da minha amiga Leila Ferreira.Obrigada amiga por mais esse presente,sei que você tem certeza,que adoro quando você escreve e me envia algo assim Beijão Frente da estação de São José dos Campos (foto atual) Plataforma de espera (nada mudou...) De quando em quando consigo reservar a primeira hora do dia para ler meus jornalistas preferidos e me atualizar sobre o Brasil e o mundo antes de começar minha labuta na cozinha. Não são boas, as notícias. As Bolsas da Ásia tiveram queda acentuada nessa sexta-feira, o ‘The Wall Street Journal’ informa que conselheiros independentes do Departamento do Tesouro começam a estudar seriamente a possibilidade da que a GM e Chrysler tenham de ser protegidas sob o ‘chapter 11’(capítulo da legislação americana que regulamenta as falências e concordatas), a Ford também não vai bem e o HSBC anuncia 6000 demissões. Mas por cá, segundo a Folha Dinheiro, as notícias são auspiciosas. Duas manchetes confirmam: . "Setor automotivo garante melhora da confiança industrial em Fevereiro." . "HSBC anuncia lucro recorde no Brasil em 2008 e descarta demissões." Isso me faz pensar que no meio desse tsunami econômico internacional, ao que parece, o Brasil ficará como o Lula disse, sentindo apenas uma marolinha (declaração não endossada pelos mais de 4000 demitidos da Embraer). Notícias e mundo à parte ouço o apito do trem, que chega aos meus ouvidos quase imperceptível, de longe, bem ao longe, ao norte do que podemos chamar de fim do banhado. Esse som abafado e longínquo me transporta para 1982. Como se fosse ontem, vi-me em pé na plataforma da estação esperando para tomar o trem que me levaria a Barra do Piraí - RJ. Quase posso ouvir a voz do Fernando me perguntando se não estou me esquecendo de nada. Remexo numa pequena bolsa e respondo confiante: - Não! Não, esquecemos de nada. A Máquina fotográfica e os convites de casamento estão aqui. Embarcamos às 8:00h num vagão com piso e bancos de madeira rústica. Instalados, chacoalhamos felizes por quase sete horas sobre trilhos mal conservados construídos a margem do banhado. A Serra da Mantiqueira, o rio Paraíba e seus afluentes, os campos, o gado Nerole, as longas fazendas de eucaliptos, tudo é verde na minha memória. A estação fechou em meados de oitenta. Acho mesmo que aquela foi umas das últimas viagens de passageiros que a EFCB realizou na região. Uma pena. A vista era linda! Daquela época restaram apenas lembranças. Para o bem e para o mal, aquela Leila e aquele Fernando não existem mais. Afinal, 27 anos separam aquele apito deste de agora. e por falar em primeira hora do dia... tô ferrada...

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