domingo, 21 de março de 2010

# Poema

meu caro estranho, nossa estranheza nos levou à cama e seguimos nos desconhecendo não perguntei de onde vieram tuas cicatrizes e não me perguntaste se eu já havia usado o cabelo mais curto simplesmente nos beijamos e dispensamos todos os porquês fui uma mulher qualquer e fostes mais um homem e se esse descompromisso não merece ser chamado de amor ainda assim não carece ser desfeito e esquecido meu caro estranho, mesmo nos amores não há nada muito além disso ------------------------ o que eu lembro de nós, e teria tanto pra lembrar, são apenas as mãos entrelaçadas naquela tarde numa mesa de calçada, era um bar, nada mais havia para conversar tentamos dizer as últimas palavras, dar um epílogo decente ao nosso amor mas nenhum sentimento era soletrável, parecíamos dois gagos rumo à desistência então tuas mãos pegaram as minhas, teus dedos brincaram com meu anel e nem era um anel dado por ti, jamais perguntaste sobre meu passado e meus dedos encaixaram-se entre os teus, e as pontas dos polegares roçaram-se e os chopes esquentaram, o silêncio tomou posse da mesa, nossas mãos de uma ternura que seríamos incapazes diante do final, e é delas que eu lembro, não envelheceram te amo com as mãos até hoje, te escrevo, agora escreva pra mim, com as tuas ------------------------------------------------ que valentia é essa de que me vanglorio? a valentia de atravessar a rua mas é da covardia de não me enfrentar que me alimento e sangro todo dia apontassem uma arma para o meio da minha testa eu urinaria minha coragem que eu sou valente é para a molecagem e não para o que presta -------------------------------------------------------- Quantas histórias que eu não escrevi por recato Da vez em que quase fui estuprada mas ele escapou antes Da vez em que chorei dentro do ônibus com um cachorro-quente esfriando nas mãos Não havia jantar em casa, estava sem dinheiro e tive pena de mim O cobrador também, mas cobrou a passagem mesmo assim ----------------------------------------------------------- um, dois e... quando me dou conta, já fui, me joguei antes de contar até três disse o que não era para ser dito fiz coisas que não era para ter feito me arrebento rápido, nem dói de tão ligeiro mentira, dói de qualquer jeito Martha Medeiros --------------------------------------------------------------

5 comentários:

chica disse...

Lindo e a mentira dói e machuca sempre!beijos,lindo domingo!chica

angela disse...

Textos muito bons.
boa semana
beijos

MariFontenlaCriações disse...

Olá! Muito bonito o poema. Liz, para pegar o meu selinho, basta vc copiar o código que está em baixo dele. Boa semana, bjos

Mônica disse...

Liz
E assim mesmo!
com carinho Monica

Mônica disse...

Liz rever poemas nos encanta e nos faz rever a vida
com carinho Monica